soneto
os minutos de espera na estação
endossam o prelúdio do retorno.
a noite com seus passos de coturno
avança e vem, imita os sons que são
da rua. um velho que ao meu lado ronca,
ri e me afasta um tanto dos barulhos
que me embalam, num vem e vai de onda
distante, que agora é nada. espúrio
e arbitrário é o coração dos homens,
eu sentencio. espúrio e arbitrário!
o funcionário a recolher bilhetes
desperta outra vez meu olhar pra ontem.
- pobre rima vestida de passado!
eu subo as escadas e pago o frete.
cara de fernando diegues
palavra de victor valente